- Capítulo Inicial - Livro Digital - Prefácio, Prólogo e Introdução
- Capítulo 01 - A Bola e os Campinhos de Futebol
- Capítulo 02-O Nosso Campinho de Futebol
- Capítulo 03-Futebol-Time Barcelona Jardim Seckler
- Capítulo 04 - Malharia Mundial
- Capítulo 05-Futebol-Time Flor da Vila
- Capítulo 06- Educação - As Escolas
- Capítulo 07 - O Bairro São João Clímaco
- Capítulo 08 - O Enigmático Túnel
- Capítulo 09 - A Fazendinha
- Capítulo 10 - Cláudio Bardu e a Noruega
- Capítulo 11 - Cláudio Bardu no Japão
- Capítulo 12 - A Menina da Janela
- Capítulo 13- Brincadeiras da Infância
- Capítulo 14 - A Televisão e as Novas Brincadeiras
- Capítulo 15- As Turmas e suas Vilas
- Capítulo 16 - O Campinho de Futebol da Rua Anny
- Capítulo 17- O Samba de Gafieira
- Capítulo 18-Anos Dourados e Jovem Guarda
- Capítulo 19-A Árvore das lágrimas
- Capítulo 20 - A Padaria 7 Centos
- Capítulo 21 - Mansão da Libertação
- Capítulo 22 - Futebol Bairro São João Clímaco
- Capítulo 23 - Futebol Anos 50/60/70/80
- Capítulo 24 - Futebol no Areião
- Capítulo 25-Espaço Chuá Chuá e os Anjos de 4 patas
- Capítulo 26 - A Corrida Maluca
- Capítulo 27 - A Lagoa Azul da Paramount
- Capítulo 28 - A Linha de Tiro
- Capítulo 29 - O Canavial do Nias
- Capítulo 30 - A Bola Rolando e os Curiós Cantando
- Capítulo 31 - Serviço Militar
- Capítulo 32 - Os Cinemas e os Salões de Diversões
- Capítulo 33 - Os Circos e Parques de Diversões
- Capítulo 34 - A Menina do Abacateiro
- Capítulo 35 - A Menina do Muro
- Capítulo 36 - É uma Casa Portuguesa, com Certeza !
- Capítulo 37-O Médico Veterinário e seu Cão Carrão
- Capítulo 38 - As Lágrimas de um Cavalo
- Capítulo 39 - PÁGINA DOURADA
- Capítulo 40 - PÁGINA DE OURO
- Capítulo 41-Motociclismo-Infinito Entre Duas Rodas
- Capítulo 42 - Talentos Literários
- Capítulo 43 - Amigos para Sempre
- Livro Digital - Página Final
- Contatos
Capítulo 02 - O Nosso Campinho de Futebol
ONDE TUDO COMEÇOU...
Eramos Crianças, então, podíamos chamar de.., - O Nosso...Campinho de Futebol...! rsrsrs...
O Nosso Campinho de Futebol ficava localizado na esquina da Rua Cosme de Souza (Antiga Rua i )com a Rua Romeu Tarzia (antiga Rua e ).
A Bola era de Borracha na cor Vermelha, Presente da minha Avó Florinda. Tomar uma bolada desse tipo de bola ardia demais. A Bola pulava muito, por conta disso, quase sempre caia na casa do vizinho do fundo (da Rua Romeu Tarzia), e o dono dessa casa devolvia a bola por cima do muro “cortada com faca”. Aí a minha Avó comprava outra.
Por questões éticas, não citarei os adjetivos gritados por nós alusivos à esse "vizinho azedo", até porque, é desnecessário.
Levei alguns pontapés na bunda porque eu não corria quando ele vinha nervoso para cima da turma de meninos. Eu o enfrentava, porém, sem condições de enfrenta-lo. Um dia eu contei para o meu Pai, o Ditão passarinheiro, aí entrou, também, o Meu Tio Armindo para me defender, pasmem, naquele dia, o cara levou até mordidas dos Meus Cachorros Duque e Julin...
Depois disso, o Pai do Arquimedes, o Meu Pai e o seu Antonio do "pito", colocaram uma grande e alta tela de galinheiro encostada no muro resolvendo a situação.
Erámos crianças, nem sabíamos nada sobre isso !
ANOS 50 E 60
AS NOSSAS BICICLETAS...
A BICICLETA no Futebol é um movimento rápido e providencial realizado em uma jogada inesperada. É executado no momento em que o jogador inclina o seu corpo para trás no ar, ao mesmo tempo em que apoia-se com uma das pernas e coloca a outra acima da região da cabeça, com o objetivo desta acertar a bola em um lançamento aéreo, sem que o atleta encoste as costas no chão.
Na Época, essa jogada, era a única Bicicleta que tínhamos para curtir e pedalar em nosso Campinho de Futebol na Vila Jardim Seckler no Bairro São João Clímaco na Capital de SP.
O Nosso Campinho de Futebol
A Prática da Arte e da Magia de uma jogada
A Bicicleta do Futebol
O Nosso Campinho de Futebol
A Prática da Arte e da Magia de uma jogada
Rex
O Amigão Bom de Bola
No período de 1956 até 1965, o Futebol dos Meninos que moravam no Jardim Seckler no Bairro São João Clímaco na Capital de São Paulo, era praticado em um terreno de esquina, das RUAS COSME DE SOUZA (antes rua i) e ROMEU TARZIA (antes rua e) que foi denominado de:
O NOSSO CAMPINHO DE FUTEBOL
JARDIM SECKLER
O terreno do nosso CAMPINHO DE FUTEBOL era de propriedade do Senhor Duílio da Família Seckler.
A área do Jardim Seckler é delimitada por um traçado topográfico em curva de nível onde apresenta uma acentuada depressão.
Na época, nos anos 50 essa área se revelava como um maravilhoso ambiente rural de um sitio ou uma Fazendinha e se estendia até as margens do rio meninos na divisa de São Paulo e São Caetano do Sul.
Existiam poucas casas nesse Magnífico Local e ficavam distantes umas das outras.
As noites eram escuras, uma escuridão quase total, somente quebrada pelo Cintilar dos Vagalumes e das Chamas Lampejantes dos lampiões das casas que ali existam como a casa onde eu morava.
As Noites Claras, também faziam parte desse Cenário com a Maravilhosa Presença do Luar e com o seu Deslumbrante Brilho Intenso.
Os meus Cachorros latiam durante a noite e o som ecoava nos morros do Jardim Seckler e eram respondidos por outros latidos muitos distantes.
Os Sons da Natureza Enriqueciam a Harmonia do lugarejo.
Cenários e Momentos Espetaculares que estão guardados em minha memória e agora Registrados neste Magnífico Livro Digital das Histórias Felizes e Divertidas Vividas na Infância.
O mato predominava em toda sua extensão. Os Meninos moradores da parte alta do Bairro de São João Clímaco chamavam a nossa Turma de...
“A Turma da Barroca”, "A Turma do Buraco Quente", "A Turma do Buraco da Onça" "A Turma da Morada Indigena"...
Mas, na Nossa Concepção, éramos na Verdade, uma Grande Turma Feliz, Privilegiada pela Natureza, Valente, Boa de Bola e Muito Alegre.
Esses "Bordões" perduraram por muito tempo e muitos são lembrados até hoje pelas Pessoas que Viveram aquela Época.
O nosso Campinho de Futebol , era sempre vigiado e, portanto, era tranquilo, porque, sempre tinha um olho por detrás de uma cortina ou espiando pela fresta de uma janela.
Uma Câmera Eficiente.
Texto de Cláudio Bardu
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Senhor Francisco Rodrigues Seckler
e
Família
Coronel da Guarda Nacional
Anos 20 e 40
UMA MINA D'ÁGUA EM " NOSSO CAMPINHO DE FUTEBOL ".
A INTERAÇÃO DA CRIANÇA COM A NATUREZA
*Quando há Interação de Amor com a Natureza ela contribui com o seu Encantamento, Acolhendo e Sensibilizando Crianças e Adultos, ensinando a todos o Prazer de Viver em Harmonia e Paz*.
A Natureza é Eterna quando Bem Cuidada*.
Claudio Bardu
É fundamental que as Crianças interajam com a Natureza.
Quando , assim o fazem, projetando as suas sensibilidades, peculiares e maravilhosas, a Natureza, por sua vez, mostra a sua retribuição com suas nuanças Divina, presenteando-nos com Todas as suas Belezas Repletas de Ótima Qualidade de Vida , fluindo sobre nós o seu encantamento.
Para contemplar e saciar a sede das Crianças que ali brincavam, como presente da Natureza, existia uma Mina D'água, a qual fazia divisa com a Rua Cosme de Souza e o Nosso Campinho, apresentando-se numa pequena depressão do terreno.
Nessa nascente, a exsurgência de água cristalina era acolhida por um pequeno Grotão onde corria sobre pequenas pedras retiradas do Rio Meninos e assentadas cuidadosamente por nós, formando um córrego surpreendente.
Tomar água na bica era muito bom!
OUTRA MINA D'ÁGUA
Existia - e ainda existe - uma outra Mina D'água na Rua Cosme de Souza do outro lado da rua, numa distância de aproximadamente trinta metros do Nosso Campinho de Futebol, exatamente no Quintal da Residência do Senhor Luiz ( Seu Luiz) e da Senhora Inês (Dona Inês), Pais do Valdir, Valmir, Valdemir( o Tuta), Valdenir e Valcir.
Todos eles fizeram parte dos Momentos Históricos e acompanharam a Dinâmica das Crianças que se reuniam naquele Espaço Mágico - O Nosso Campinho de Futebol.
Sem esquecer do Senhor José(Seu José) e sua Esposa, Senhora Terezinha(Dona Terezinha), Senhora Zulmira e o Valter(Valtinho) Filho da Dona Terezinha e do Seu José.
Esse Espaço Fantástico do Futebol - O Nosso Campinho de Futebol - era uma espécie de Clube da Liberdade, do Lazer e da Criatividade.
Era ali que acontecia com sol ou chuva o encontro dos Meninos local e das imediações, após a chegada da Escola. A lição de Casa era deixada pra depois, e eu só me atrapalhava com essa manobra, mas fazia.
Para os Meninos mais velhos, com quatorze anos em diante e que já trabalhavam, o encontro era somente nos finais de semana e feriados. Entretanto, eu já trabalhava com nove anos em uma fábrica de santinho de barro para presépio, localizada na esquina das Ruas Cosme de Souza e Luiz Haag França (antes rua f) , cuja a função, era pintar com várias cores com tinta a óleo as pequenas imagens de presépios feitas com argila.
O proprietário da fábrica era o seu João Espanhol e o Chefe, era o Arquimedes.
No nosso Famoso Campinho de Futebol, aconteciam muitas atividades relacionadas ao futebol, como:
ALTINHA (SP) ou ALTINHO(RJ). A postura mais interessante desse jogo era a mínima ausência de regras. Não era permitido usar as mãos e os braços e o objetivo era de não deixar a bola cair no chão. Para mantê-la no ar, valia usar os pés, a cabeça, os ombros, as coxas e o peito.
BATER PÊNALTI. Que na rebatida valia dois gols utilizando-se dois goleiros e dois batedores.
A Bola de Borracha vermelha - Pulava demais;
Bola de meia - Improvisação momentânea;
Bola de capotão;
Jogar de bobinho;
Jogar contra;
Tirar pelada ou Racha no campinho;
LAMBUJA. Para os Meninos, café com leite, ou seja, os menores da turma, eram concedidas algumas vantagens na participação de algumas atividades esportivas. Eles já entravam ganhando nas brincadeiras;
GOL A GOL. Jeito de brincar. Um campo é dividido ao meio e cada jogador fica em um gol. Só brincam duas pessoas por vez.
O objetivo é marcar gol no adversário. Só pode chutar, no máximo, do meio de campo.Se a bola bater na trave ou no travessão, o adversário bate pênalti. Se passar do meio de campo para chutar, o adversário também bate pênalti;
Um toque só de pé em pé;
Vira 03, Acaba 06;
Golzinho com duas pedras;
Só vale gol de letra;
Jogar Descalço: Talho no Pé;
JOGAR DESCALÇO. Naquela época, os talhos ou cortes nos pés eram inevitáveis. Os Campinhos e os Campos de Futebol eram espaços de Chão Batido. Mesmo com toda atenção na limpeza e conservação da área executada pela Turma, muitos objetos eram trazidos pelas enxurradas durante as chuvas constantes e ficavam ocultos na formação das lamas.
Passei por uma situação dessas. Tive um corte com caco de vidro no pé esquerdo (acho que é por isso que "quase todos os jogadores" entram em campo com o pé direito... rsrsrs.).
O Meu Pai levou-me imediatamente à farmácia do seu Danilo que ficava onde hoje é a relojoaria Goto, ou ao lado. O seu Danilo, após ter feito o curativo com os medicamentos de praxe, ele pegou uma pinça com pontos de agrafe (uma espécie de grampo metálico que prendia duas partes do corte e o fechava, como se fosse um grampeador de papel, só que o grampo era mais largo e se dobrava ao meio) e suturou o corte.
Depois, recomendou passar uma pomada antisséptica (não lembro o nome da pomada..., talvez, Minancora).
ENTORSE DE TORNOZELO. A minha vó fazia um macerado com folhas de fumo, alecrim e canfora, em seguida, fazia infusão em compressas sobre o local dolorido. Depois, enrolava e amarrava tiras de pano e fazia um benzimento.
Após tudo isso, eu voltava a jogar..., claro! Com muita dificuldade, mancando, e apoiando na ponta do pé.
BRAÇO QUEBRADO. Era comum no Campinho praticar uma modalidade de treinamento de Bater Pênalti, utilizando-se dois goleiros e dois batedores. Durante o andamento das partidas, os goleiros viravam batedores e os batedores viravam goleiros.
Quando um dos batedores chutava a bola no gol e ocorresse uma rebatida de um dos goleiros na tentativa de fazer a defesa e a bola espirasse, indo em direção a um dos batedores, e esse batedor, por sua vez, providencialmente, acertasse o chute na bola rebatida e conseguisse mandá-la pra dentro do gol, essa jogada valia duplo gol.
Uma ocasião, durante um treinamento no Campinho, jogando sob uma intensa garoa e muita lama e utilizando uma bola de capotão número 5 que estava muito pesada, eu e o Antonio José (Zito), irmão do Arquimedes, estávamos atuando no gol. Os batedores eram os nossos Amigos, Santo e Arquimedes. O Santo tinha um chute muito forte. Ele treinava no Infantil do Time Profissional São Paulo Futebol Clube. Ele bateu fortemente o pênalti, e eu saí na frente do Zito tentando defender a bola com a mão esquerda..., - Não deu outra...! - Após o impacto, senti uma forte dor no punho, perdendo parcialmente os movimentos dos dedos.
Fui levado, imediatamente, pelo Meu Pai, Ditão Passarinheiro, ao Pronto Socorro do Bairro do Ipiranga em SP. Após avaliação e radiografia do antebraço, foi diagnosticada fratura de um dos ossos do punho esquerdo ocasionado pelo impacto da bola através chute forte. Em seguida, eu não soube o porquê, fomos levados por uma ambulância para o PS do Tatuapé para engessar o antebraço. Acho que essa transferência para o outro PS foi devido à fila de espera para engessamento estar muito grande, ou, talvez, não tinha mais gesso... rsrsrs...
Quando estávamos saindo do PS do Tatuapé, chegou o Arquimedes com o dedo mínimo direito quebrado para engessar. Nesse caso, o batedor era o Cridão irmão mais velho do Santo.
Faltando poucos dias para retirar o gesso do braço esquerdo no Pronto Socorro do Tatuapé, o mesmo já saia facilmente do braço. Então, quando a molecada praticava o futebol de "Golzinho com duas pedras" eu tirava o gesso e o utilizava para completar o gol. Somente o recolocava rapidinho, quando eu ou meus os colegas avistasse o Meu Pai descendo a Rua i - atual Cosme de Souza - vindo do trabalho.
No Nosso Campinho de Futebol, tinha também, Festa Junina, Latinha na Cela, Pião, Bolinha de Gude, Taco, Luta livre, Quebra Pau, e muitas outras atividades.
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VILA CONTRA VILA
Começaram aparecer muitos Meninos de outras Vilas para jogar ali, na modalidade de Vila-Contra-Vila.
O jogo contra acontecia quando a turma de outra Rua ou Vila desafiava a Turma da outra Rua ou Vila para um jogo de futebol. Para acontecer o desafio, a Turma desafiante oferecia o seu Campinho de Futebol para o jogo e algum objeto como prêmio em caso de vitória da Turma desafiada.
Esse objeto poderia ser desde uma flâmula ou algumas garrafas de refrigerantes até uma bola de futebol. Caso fosse aceito o convite, a Turma desafiada na mesma hora também desafiava, acontecendo assim, nos mesmos moldes, a retribuição do desafio.
O que saia de “Quebra Pau” era brincadeira. Para apartar as Brigas, o Gino e seu irmão Ângelo "Casquinha" jogavam baldes de água na Meninada e, também, a Turma dos Grandões que entravam em cena para apartar as brigas e dar " Lição de Moral " em todos os Meninos.
Os Grandões eram: Arquimedes, Euclides (cridão) irmão do Santo, Isaurí, (apelido farinha - esse cara pulou de cima de uma Roda Gigante no Parquinho de Diversão da Rua Floresta Clube, porque acabou a energia elétrica -), Irineu(neu), Wilsão(irsão) barbeiro, Israel, Dirceu Merlo e Luíz.
A fachada da área da Casa do Luiz na Rua Cosme de Souza era feita com molduras geométricas de cimento imitando a fachada existente no Palácio do Planalto em Brasília - DF que foram desenhadas pelo Arquiteto Oscar Niemeyer.
Essa fachada ainda existe na mesma rua.
A HORA DO RECREIO NO CAMPINHO DE FUTEBOL
Tinha o seu José Pipoqueiro que, quase todos os finais de tardes, para fazer a alegria da garotada, instalava o seu Carrinho de Pipocas e Doces variados para comercializar.
O seu José mais distribuía pipocas para a garotada do que vendia.
O seu José, além da Pipoca, vendia: Dadinho, Pirulito, Paçoquinha, Pé-de-moleque, Bala de Mel, Quebra-queixo, entre outros.
Tinha um doce colorido (vermelho e branco) feito com leite de coco, duro, e que a molecada chamava de "machadinha". O seu José utilizava essa ferramenta para cortar o doce.
Outros vendedores de doces também passavam por ali, como o Bijuzeiro que marcava a sua presença com o som estridente da sua matraca e, carregando nas costas, um tambor redondo azul onde tinha uma roleta.
Os moradores, embalados no ritmo desse instrumento musical, cujo o som era propagado através dos movimentos de supinação/pronação, rápidos e precisos do Bijuzeiro, saiam de suas casas para comprar o delicioso biju crocante e tentavam a sorte no giro da roleta, que podia indicar de dois a seis Bijus de graça.
Tinha, também, aquele Senhor que vendia cadeirinhas...lembra?
DE OLHO NO CÉU
O Espaço Fantástico do Futebol do nosso Campinho de Futebol era também, uma espécie de Observatório Celeste, onde nos reuníamos para observar e acompanhar visualmente o trajeto para depois correr atrás dos Balões Juninos com tocha de fogo e dos Quadrados (Pipa-Papagaio) quando a linha se quebrava.
Na época as palavras peculiares mais usadas pela Meninada para a modalidade de balões eram:
Caixa, Peão, Almofada, Mexerica, Chinesinho, Careca de padre, Charuto, Barrica, Tocha, Pegou no breu, Mecha, Vela, Pinga Breu na escuridão, Pintinha no céu, Balão sumidinho, puxar balão com pedaços de espelhos, o céu está pintadinho de balão.
Muitos desses papos rolavam em volta das Fogueiras de Santo Antonio, São João e São Pedro, montadas ao redor do Campinho de Futebol.
ATENÇÃO!
Não Soltem Balões!
Soltar Balões Não é Legal. É Crime Ambiental!
É somente um Conto da Época, sem Provocar Nenhum Incentivo para soltar balões.
ALERTA DE PERIGO: Não Soltem Balões com Tocha de Fogo.
Não Empinem os Quadrados ou Pipas ou Papagaios em lugares de Fios Elétrico
VAI FICAR PEQUENO...!
O Nosso Campinho de Futebol
Chegou um momento em que o Famoso CAMPINHO DE FUTEBOL não comportava mais essa Turma, então, o Meu Pai, o Ditão Passarinheiro, sabendo antecipadamente do loteamento que ocuparia a área do Campinho de Futebol, consequentemente reduziria o espaço de lazer das Crianças, sugeriu montar um Time de Futebol para jogar lá nos "CAMPÃO” - Como era chamado na época.
Esses Campos de Futebol da Várzea ficavam localizados ao lado de um grande trecho da Estrada das Lágrimas, tendo como referência inicial a Subprefeitura do Bairro de São João Clímaco e se estendiam até à Av. Almirante Delamare, ou seja, pra lá do Hospital Heliópolis que nessa época ainda não existia.
O Hospital Heliópolis iniciou sua construção em 1968 e foi inaugurado em 1969.
Existiam aproximadamente 25 campos, sendo que um deles, era um campo Basebol ou Beisebol (inglês Baseball), reservado para uma Comunidade Japonesa praticar esse esporte.
A Construção do Hospital Heliópolis iniciou no ano de 1968, terminando um ano depois. A área construída do Hospital abrangeu, aproximadamente, três campos de futebol ali existentes, inclusive aquele reservado para a pratica de Baseball pela Comunidade Japonesa.
Os Times de Futebol e seus respectivos Campos no Bairro São João Clímaco e imediações :
Floresta ;
Copa Rio ;
Flor de São João Clímaco;
Milionários de São João Clímaco;
Flor do Pinhal;
Barcelona F. C. do Jardim Seckler ;
Flor da Vila F.C. do Jardim Seckler;
Flor da Esperança ;
Leão do Morro ;
Jumbinho do Jardim Seckler ;
Guanabara ;
Vila Natália ;
Sacomã F.C. ;
Vira Copo ;
Jardim Patente ;
Zum Zum do Ipiranga ;
Halteres do Ipiranga ;
Malharia Mundial do Ipiranga ;
União Mútua da Vila Carioca ;
Onze Primos da Vila Carioca ;
Cerâmica São Caetano ;
Luzalitte;
Vila Arapuá;
Alencar Araripe;
Portuguesa ;
Juventude F.C. ;
Guarani ;
Tricolor de São João Clímaco ;
Vila Operária ;
Irmãos Metralha do Jardim Seckler ;
Corinthians da Vila Bandeirante ;
Bangu ;
Flamengo de São João Clímaco ;
Time de Beisebol da Comunidade Japonesa local ;
A EXPRESSÃO
Os ”CAMPÃO” (Ah! Já expliquei...! ) - A pronuncia era essa na época - Agora, em relação ao nosso idioma, sendo como foi colocado, realmente não há o que fazer: É um caso perdido. E, como tal, só resta dizer que “C’est La vie”, já que a expressão “Os Campão” não significa nada para o idioma português.
Nota:
"C'est La vie" = Expressão Francesa.
É um galicismo da Língua Francesa que quer dizer:
Assim é a vida !
Galicismo : Palavra, Locução ou Construção Peculiar à Língua Francesa.
Os "Campão"
(como era chamado na época)
A CHEGADA DOS NOVOS MORADORES NO ESPAÇO DO NOSSO CAMPINHO DE FUTEBOL.
Alguns anos depois, chegou um momento em que o nosso Campinho de Futebol começou a sofrer uma redução drástica no espaço, por conta da chegada de novos moradores, ou mesmo dos moradores mais próximos do local que adquiriram alguns lotes daquele Espaço Fantástico para a construção de suas casas que eram fruto de muito trabalho familiar e merecedor de aplausos.
Diante dessa situação já avisada e esperada por nós, o nosso Campinho de Futebol começou a dar sinais de desaparecimento. Começamos, então, a receber convites de outros colegas que moravam em outras vilas do Bairro de São João Clímaco, para frequentar os Campinhos deles e fazer treinamentos no Espaço Fantástico do AREIÃO(ver Capítulo do Areião).
SEM EIRA NEM BEIRA NO FUTEBOL
Começamos a ser uma Turma de Futebol Itinerante, ou seja, os andarilhos do futebol, sem um Campinho de Futebol que podíamos chamar de nosso, procurando onde jogar, as vezes jogando de um lado para outro nos Campinhos de Futebol dos outros colegas de outras Vilas do Bairro de São João Clímaco e isso apenas acontecia quando recebíamos convites para frequentar e jogar nos Campinhos de Futebol deles.
Ora jogávamos no Campinho de Futebol da Rua Anny, ora jogávamos no Espaço próximo ao CEPAO, e algumas vezes, em um terreno que ficava localizado na Rua Floresta Clube, quase esquina com a Estrada das Lágrimas, onde muitas vezes eram montado um Parque de Diversão.
OS CAMPINHOS DE FUTEBOL E AS SITUAÇÕES INESPERADAS
Os Parques de Diversões e os Circos ocupavam os Campinhos de Futebol...
Então...,
Um Brinde ao Inesperado...
APÓS O BRINDE...
No início dos anos 60, o terreno que fazia divisa com o Ginásio Estadual de São João Clímaco (inaugurado em 1961), depois, em 1967, passou a ser o CEPAO, foi preparado pela Meninada da Vila Central para ser o Campinho de Futebol deles, com traves, travessões e todas as demarcações necessárias de um campo de futebol proporcionais ao tamanho do espaço.
Algumas vezes, ocorriam situações inesperadas que causavam muita preocupação na criançada. Os Parques de Diversões, juntamente com os Circos, eram itinerantes e ocupavam o Espaço do Campinho de Futebol . Quantas vezes eu fui dormir preocupado com o jogo contra do dia seguinte que seria realizado nesse Campinho de Futebol e pela manhã, junto com a Turma, me decepcionava. Logo pela manhã, o Campinho de Futebol estava completamente tomado por estranhos amontoados de ferro. Então, a Turma toda, unida, se sentava próximo ao Campinho e com os olhares atentos íamos acompanhando a movimentação daquelas pessoas com estilo "brucutu", naquele instante se tornando quase inimigas, cavocando o Campinho de Futebol , arrancando as traves, ou seja, destruindo o nosso Campinho de Futebol .
Passado várias horas, a Roda Gigante e o Chapéu Mexicano tomavam forma, e nos primeiros testes, começavam a girar, a Barraca de Tiro ao Alvo já se mostrava pronta para a diversão e o visual do Campinho de Futebol aguçava a nossa imaginação que aflorava e explodia no ar uma magia de um mundo de fantasias... Então, toda aquela indignação do início dos acontecimentos ia se dispersando, aquela vontade de furar os pneus daquele monstruoso caminhão, que invadira o nosso Campinho de Futebol sem a nossa permissão, acabava, e tudo se transformava num desejo veemente e impaciente, numa mescla de tristeza e alegria sem explicação.
Depois de tudo montado e funcionando, a preocupação era outra: Como desfrutar de tudo aquilo que o Parque oferecia sem dinheiro e sem a confiança dos "brucutus" que ali trabalhavam e que causaram todo esse transtorno em nosso Campinho?
Depois de muita conversa entre a Turma decidimos aplicar a nossa estratégia, uma vez que, já conhecíamos os trabalhadores pelo nome e alguns até pelo apelido, então, começamos a nos movimentar, um ajudando a empurrar os cavalinhos, outro ajudando na barraquinha de tiro ao alvo, outro levando pequenas ferramentas aos trabalhadores de manutenção e outros pequenos serviços que ajudavam na montagem. Mesmo com todos esses trabalhos, ainda arrumávamos tempo para brincar.
Como recompensa do nosso esforço em conjunto, éramos contemplados com muitos ingressos e, fraternamente repartíamos até com aqueles colegas que não conseguiram “participar” dos trabalhos, mas tinham a possibilidade de brincar no Parque de Diversão.
Alguns meses depois, sentíamos outra vez aquela mesma sensação estranha de tristeza e alegria que novamente ocupava os nossos corações. O Parque partiria. Logo estaria ocupando outro Campinho de Futebol , atrapalhando as brincadeiras de outras Turmas. E nós...? Bem... nós... começaríamos a reconstruir o nosso Campinho de Futebol !
Ah ! Devo ressaltar que com relação aos Circos, a história era semelhante a dos Parquinhos, somente acrescentando um pequeno detalhe..., quando estávamos assistindo os espetáculos de humor circense... observávamos que aquela trupe - "aqueles palhaços” - que ali estavam se apresentando eram “aqueles mesmos brucutus” que destruíram o nosso Campinho de Futebol quando chegaram.
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